O funk é hoje uma das maiores manifestações culturais de massa do nosso país e
está diretamente relacionado aos estilos de vida e experiências da juventude de
periferias e favelas. Para esta, além de diversão, o funk é também perspectiva de vida,
pois assegura empregos direta e indiretamente, assim como o sonho de se ter um
trabalho significativo e prazeiroso. Além disso, o funk promove algo raro em nossa
sociedade atualmente que é a aproximação entre classes sociais diferentes, entre
asfalto e favela, estabelecendo vínculos culturais muito importantes, sobretudo em
tempos de criminalização da pobreza.
No entanto, apesar da indústria do funk movimentar grandes cifras e atingir milhões de
pessoas, seus artistas e trabalhadores passam por uma série de dificuldades para
reivindicarem seus direitos, são superexplorados, submetidos a contratos abusivos e,
muitas vezes, roubados. O mais grave é que, sob o comando monopolizado de poucos
empresários, a indústria funkeira tem uma dinâmica que suprime a diversidade das
composições, estabelecendo uma espécie de censura no que diz respeito aos temas
das músicas. Assim, no lugar da crítica social, a mesmice da chamada “putaria”, letras
que têm como temática quase exclusiva a pornografia. Essa espécie de censura
velada também vem de fora do movimento, com leis que criminalizam os bailes e
impedimentos de realização de shows por ordens judiciais ou por vontade dos donos
das casas de espetáculos.
A despeito disso, MCs e Djs continuam a compor a poesia da favela. Uma produção
ampla e diversificada que hoje, por não ter espaço na grande mídia e nem nos bailes,
vê seu potencial como meio de comunicação popular muito reduzido.
PRECONCEITO
O preconceito já se deu na esfera racial-étnica, na esfera econômico-social, na esfera
da fé e, mesmo sem ter desaparecido nessas esferas, o vemos com muita força também na esfera
cultural, uma esfera cheia de estigmas.
O rock é o som do diabo, o axé é a música dos ignorantes, o pagode é a
trilha sonora dos cornos e mal amados, sertanejo é música de
caipiras , assim como o forró é coisa de paraíba. O rap é coisa de bandido e o funk,
obiviamente, é coisa de vulgares ou drogados. Tantas são as máximas e todas com a mesma
finalidade, poderíamos ficar aqui escrevendo linhas e mais linhas só com taxações
preconceituosas contra algum estilo musical . Todas tendo em comum o fato de não conhecer
realmente o tal estilo musical ,formulando pensamentos e criando rótulos preconceituosos
Nenhum comentário:
Postar um comentário